sábado, 8 de novembro de 2008

Sonhos

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Sempre me pergunto quando este tormento irá acabar, porque as minhas mãos já não alcançam a porta de saída. Não consigo mais abortar, apenas continuo nesse pesadelo sem fim.
Oiço sobre os mais belos sonhos de princesas com os seus galardões, e não compreendo a razão de aberrações e honras sem cabeças, insistirem em fazer parte do meu inconsciente.
Tudo parece um circo de horrores, onde faces sem maquilhagem e pessoas sem amor-próprio me rodeiam. Será o purgatório pior que isso? Minha caneta e minhas palavras tendem a exprimir o lado mais negro da poesia. Tenho visões grotescas de intestinos sob a mesa de jantar onde crianças sem braços comem directamente com a boca, fazendo uma pintura surreal do apocalipse.

Quero ler entre as linhas e poder falar nesta língua estrangeira, e beijar teus lábios enquanto a banda toca. Há quem diga que isso fica imortalizado.
Os meus braços seguram estas janelas, donde posso ver a felicidade acenando um adeus. As sombras dos deuses e reis não são mais um lugar seguro, porque eles também se foram.
Talvez se eu não olhasse tanto para trás, fosse capas de atravessar paredes e mesmo todas essas frases, e curar-me de todo vício de querer respostas de todas as perguntas.
Deixa-me sentar à mesa hoje contigo e tomar sopa quente. Vamos encenar algo que na teoria funciona. Eu sei dramatizar, e posso pedir complacentemente pela sobremesa.
É esse vazio sem fim e esse fracasso que me fazem precisar de mais que um sorriso incapaz, e flores no meu funeral.
Sintoniza-te na minha frequência, e esqueça a comida que sabe a câncer, e por fim, enxugue os meus olhos cansados de sangrar.


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Li num sonho, comento pelo sonho