sábado, 22 de outubro de 2011

Xadrez do Tempo

Xadrez do Tempo


Para o Carlos Paula
O Universo é plano,
e o tabuleiro lhano
une o homem e o jovem no jogo longo
que os separa e rege.
Cada peça é som de sinfonia de milhões de sonhos,
A movimentar os seus sentares em mil sentidos,
E só a mão pensativa, que engole o Tempo,
Avança, como nos Céus constelantes
da linha do Pensamento,
E Oríon, o caçador, vence as sombras, e audaz avança,
Para o jogo zenital das peças que se entredevoram,
A esgotar o tabuleiro do Tempo.
Mas já tudo é Esfera e Ciclo e cores,
E Argos, o filho veloz de Zeus, Licaios,
a cavalgar confusa poeira de estrelas,
na devastada Via Láctea
de noites inundadas de luz difusa e astro ardente.
Cosmos de todos os jogos,
o Tempo ora devassa e cruza arcanos da Noite,
e já entre a mão do homem se joga outra Eternidade,
Castor maduro e Polux desvanecido,
Grafada num Cume e Fundo,
da Terra, a deslizar, polar,
do Poente, em alto e trevas,
para memorar o fim da Noite,
quando Dafne se esvai dos dedos de Apolo,
e inscreve eternamente um novo jogo,
xadrez do tempo,
in lauro,
no despertar da fluída aurora.