sábado, 31 de janeiro de 2009

[em linha recta] [dedicado ao Tripa Seca, um querido...]



há sempre o vazio no decurso dos dias
há sempre o silêncio que a escuta acrescenta
há sempre a partilha da tristeza ou alegria



ou simplesmente de tão perene melancolia
nos dias em que prolifera a nostalgia
que a voz o silêncio atormenta



por vezes a intuição do sagrado presente
por vezes uma prece precisa e directa
por vezes o que existe para além deste aquém
somente e tão só será meta



na impetração da luz consistente
razão que ao coração acarreta
criação designada por gente
urge não permanecer indiferente
à constância do diálogo em linha recta


Paul Verlaine - Il Bacio

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"Quanto a mim, trovador franzino de Paris, 
Só te ofereço um bouquet de estrofes infantis:
Sê benévolo e desce aos lábios insubmissos 
De Uma que eu bem conheço, Beijo, e neles ri. "

Versailles




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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Tião Macalé, o Louis Armstrong brasileiro

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Boémia

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Esse dilúvio a cair dos céus e eu com a minha inaptidão de perceber o delírio dos deuses. Oh Satã! Traz-nos um bocado do calor do Hades! Fartei-me desse maldito frio, no entanto, é bom que adestro a minha indolência.
Louvo os tempos de luxúria onde a minha vida libertina não permitia que repetisse um homem sequer. E havia muitos que queriam o meu corpo. Só meu corpo, e eu o deles. Tudo muito consensual e equitativo.
Que noites eram!...
A minha conduta lasciva era aprovada pelo meu juízo desnorteado. Desde sempre soube que tenho uma vida mais dada ao ‘flirt’ do que ao amor. Que fique explícito que não sou o primeiro a dizer isto e muito menos que sou o autor disto. São histórias de uma Lisboa que já foi. Histórias de uma senhora muito gira e aleijada. Coitada! Que deus a tenha!... Porque ela engatava os camionistas, e muito educadamente, solicitava ao homem a permissão de lhe fazer um broche. Assim reza a lenda.
Eu não vi, mas dava tudo para vê-la trabalhar no truca-truca das muletas.
-Ai que língua demoníaca eu tenho!
-Isola! Isola! Isola!
Então eu, a noiva depravada e virgem, cheio de iluminações disparatadas, aguardava pelo filho do sol que me viesse possuir.
Nem eu me conheço!
Ai! Ai! Ai! Este texto mal escrito e desvairado é apenas uma ordinária herança que deixo registado. Ainda há-de vir mais. Assim espero, se deus me conceder força nesse meu corpo selvagem.
Fico com os meus frémitos vagabundos, na sombra do tempo, na rima sem cor, torturado na mudez imemorial e no infortúnio idiota, aniquilando as minhas memórias incomuns.
São apenas palavras que conflitam.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Mundo Maravilhoso




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domingo, 25 de janeiro de 2009

Schnittke - "Concerto Grosso nº 6"




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Mágico de UOZ

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Pra quem não entende essas gírias do brasil:


Beck= Cigarro de maconha

Muquiar= esconder

Travado= É quando alguém usa muita droga/bebida alcoólica e deu "game over" haahhahaahha

Key Hole= Excesso de uma droga chamada Special Key que te deixa "travado"

GHB= LSD líquido e mais concentrado que se mistura na bebida.

Bala= LSD

Padê= Cocaína

Bump= É uma coisinha pra enfiar cocaína pra mandar pro nariz

Dealer= Traficante


NÃO SOMOS APOLOGISTAS ÀS DROGAS, MAS SIM AO HUMOR.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Puerícia


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Quantos mais são da minha invulgar espécie? 
Ah! Que não posso ouvir sequer um frémito! 
Vivo entre o fim da eternidade no tempo do tempo.
Ai as minhas sinestesias! Adoro-as! Para mim, apreciador dos cheiros das músicas e dos sabores das cores, o A é branco, o E amarelo, o I azul, o O vermelho e o U preto, que as vezes me confunde com um verde muito escuro.
Loucura minha.
Para as pessoas, dou-lhes cores também: o meu anjo tem a cor azul céu como os seus olhos e pele macia como o veludo. É pena que poucas pessoas tenham essa cor, porque estão todas muito estragadas.
Vivo nessa frenética alucinação e nessas desvairadas associações da minha mente tarada. 
Quão bom! 
Ainda menino, costumava imaginar que o meu quintal era um grande reino, e cada árvore era uma casa, num sistema aberto, baseado no livre acesso. Entretanto estavam todos muito maduros para aquele disparate todo, tão maduros que apodreceram. Eu que sempre participei da concepção do meu imaginário, fui sempre o culpado. Não interessa.
-Eram tolos e não sabiam o que diziam!
-Salve Deus!
E então eu criava caminhos retirando as ervas daninhas e chamava-lhes de avenidas, depois, as casas nas alturas das árvores em pontos estratégicos para avistar os inimigos.
Ali passava horas a fantasiar e inventar, onde era habitual ao fim da tarde e do desvario todo, ir conversar com as plantas e sentir o cheiro das flores.
Queria não ter chegado ao fim da eternidade, mas cheguei.
Já adulto retornei à esse lugar, e na minha casa, que era uma goiabeira muito velha, fui até o meu quarto, que tinha uma vista para todo o reino, e acendi um cigarro, e o fumei. Dentro de mim, havia um lamento de ter crescido, em ver como já não havia tanto espaço para mim ali, como as árvores tinham crescido, e como já não tinha a mesma mobilidade. O reino manteve-se. Eu não.
De longe ouvia chamarem o meu nome, mas naquela altura, não era apto de decifrar qualquer sinal sonoro incapaz de me fazer retornar ao infeliz mundo real.
Dia trágico.
Início do meu luto.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

John Cage: "4' 33". Música para um tempo difícil




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Chaves maconheiro

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Piores clipes do mundo: Michael Jackson e Olodum

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Uhull

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Dor sonora


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Um brinde ao meu desvario que agravou, porque tenho empregado dias a preparar a música para o meu funeral. Quem me dera a mim, burrico de ideias, que alguém me tirasse a traça da minhas roupas. 
Ai que coisa mais grosseira!
Preciso de ficar com bom aspecto, porque, espero em deus que ainda hei-de encontrar um vadio qualquer, num beco qualquer, que lhe dê uns tostões para que me moleste, que me puna e que me ofenda!
Ai que conversa tão porca e tão excitante!...
Já anestesiaram-me, de maneira que não sinto mais a dor dos golpes dos punhais. 
Poderia até pensar em correr, entretanto, arracaram-me as pernas. E não sei quem fui. Escuta o meu choro profano e bebe do meu veneno, e deixa que os deuses assitam-nos perecer em glória.
E o meu vampiro? Aquele que têm-me sussurrado palavras magníficas ao meu ouvido, onde está? Desejava agora que ele me pudesse cuspir a boca e encher-me com a sua saliva!
Mas antes, ele há de vir com um grande helianto nas mãos, para tirar essa coisa que trespassa a minha garganta, porque não quero ser empedido de ser possuído apenas por tê-la em sangue.
E fazer tudo sem olhar para trás.
Rindo, tremendo e ardendo.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

HBO: How to become an Onobo

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É...


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Então eu vi, com as pálpebras molhadas, grandes constelações que faziam pausar o tempo entre a imensidão das estrelas e a infinidade do universo.
Nessa altura, já tinha eu me prostrado diante do pó e visto que por mais forte que fosse, nada poderia fazer diante daquele mar de espelhos que me ofuscava a visão. Lá no fundo, eu sabia que em certo momento havia de ter evitado a coisa toda, todavia, mantive-me na minha incapacidade de querer ser bem mais do que eu posso ter.
Sobrava-me então a pintura de céus noturnos, onde a minha visão débil conseguia apenas oscilar entre a Ursa Maior e milhões astros.
E então tirava do bolso o livro que faltava a página do fim, na esperança de encontrar uma solução sensata.
Estive por meses a foleá-lo inutilmente.
Era apenas uma repetição qualquer.
Exausto e cego, percebi onde estava e quem esteve comigo desde o princípio da coisa toda, e me constrangi ao ver quão grande era o sentimento e quão alto ele estava. Mais lágrimas me vieram, e porfim caiu-me a venda dos olhos.
E então, recordações azuis e aromáticas ao meu agrado me pairavam sobre a cabeça. Tudo muito íntimo e muito intenso.
E naquele filme em câmera lenta, com o sol a aquecer-me o corpo, apalpei a areia húmida da chuva e parei o tempo.
E aquele momento era só meu.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Oink oink bree bree

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sábado, 17 de janeiro de 2009

Robin Byrd, o ícone mais fabuloso de New York



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quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

"Física do petrefiolismo do funcionamento do sistema imunológico do seu corpo"


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Philipe Halsman




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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Ambiquity


Ambiquity ~~~Draft! Please Comment from Michel Gingras on Vimeo.

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sábado, 10 de janeiro de 2009

Tintin, um moleque com 80 anos: parabéns!...

Dupla homenagem em "Heart of Wax" e "The Braganza Mothers"

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Pitty - Equalize

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Às vezes se eu me distraio
Se eu não me vigio um instante
Me transporto pra perto de você
Já vi que não posso ficar tão solta
Me vem logo aquele cheiro
Que passa de você pra mim
Num fluxo perfeito
Enquanto você conversa e me beija
Ao mesmo tempo eu vejo
As suas cores no seu olho tão de perto
Me balanço devagar, como quando você me embala
O ritmo rola fácil, parece que foi ensaiado

E eu acho que eu gosto mesmo de você
Bem do jeito que você é

Eu vou equalizar você
Numa freqüência que só a gente sabe
Eu te transformei nessa canção
Pra poder te gravar em mim

Adoro essa sua cara de sono
E o timbre da sua voz
Que fica me dizendo coisas tão malucas
E que quase me mata de rir
Quando tenta me convencer
Que eu só fiquei aqui
Porque nós dois somos iguais
Até parece que você já tinha
O meu manual de instruções
Porque você decifra os meus sonhos
Porque você sabe o que eu gosto
E porque quando você me abraça o mundo gira devagar

E o tempo é só meu e ninguém registra a cena
De repente vira um filme todo em câmera lenta
E eu acho que eu gosto mesmo de você
Bem do jeito que você é

Eu vou equalizar você
Numa freqüência que só a gente sabe
Eu te transformei nessa canção
Pra poder te gravar em mim

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

"Obsessão" (Baudelaire, "Les Fleurs du Mal")




Bosques, encheis de susto como as catedrais,
Como os órgãos rugis; e em corações malditos,
Quartos de terno luto e choros ancestrais,
Todos sentem ecoar vossos fúnebres gritos.
Eu te odeio, oceano! e com os teus tumultos,
Já que és igual a mim! Pois este riso amargo
Do homem a soluçar, todo sombras e insultos,
Eu o escuto no riso enorme do mar largo.
Como serias bela, ó noite sem estrelas,
Que os astros falam sempre claro em sua luz!
Busco o infinito negro e os precipícios nus!
Porém as trevas são elas próprias as telas,
Em que surgem, a vir de meu olho, aos milhares,
Seres vindos do além de rostos familiares.


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Saudade da minha Bahia

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Cachoeira do Acaba Vida



Lagoa Azul e Gruta do Catão



Rafting no Rio das Fêmeas



Gruta do Buraco do Inferno






Dans le coeur de l’hiver


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domingo, 4 de janeiro de 2009

Chernobyl Cola

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sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Inscrito no Tempo


Chegado dos Alísios, O Guardião dos Fogos espalhava as estrelas do Nascente, e a sua mão de olhares cruzados acendeu os Céus num momento inteiro, do supremo Zénite aos infinitos lugares do Poente.
Era o Turbilhão dos Astros e das flores efemeras, e o turbilhão das estrelas fixas, desenhado para sempre, ato inscrito no Tempo

Ária


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Palavras inefáveis e versos mudos ecoavam pelo horizonte cor de púrpura.
Ali, com o tempo invertido, o grácil mancebo imerso nas suas improbabilidades, sentia a correr pelas suas mãos o rio límpido como cristal. 
E naquela valsa das águas vivas, sentado numa rocha inerte, tendo o seu coração desconcertado, com o crepúsculo preso na dimensão do infinito, mergulhado em outros tempos, fitava seus grandes olhos castanhos no mover das correntezas.
Os raios de sol, que, ao se refletirem no manto líquido, transformavam o translúcido Rio de Ondas num grande espelhos de sonhos distantes. Parecia que, por uma fração de segundos, a cidadezinha cor de barro, aquela do fim da Bahia, desfazia-se na insipidez do próprio nome.
Barreiras.
No êxtase do verão, com a ingenuidade mor sobre si, em meio àquela natureza primitiva, viu qualquer coisa a girar sobre si mesma, parecendo querer emergir, de modo que, com o relógio parado, esticou os braços onde os dedos compridos e finos experimentaram pela primeira vez a rústica textura daquele coração em pedra.
Mal ele sabia que ofereceria a prenda mais valiosa, qual agora era possuidor, àquele qual ansiou encontrar. Remetia-lhe à memória suas tardes eternas, onde, sentado sob a sombra de goiabeiras secas pelo calor nordestino, rabiscava numa folha de papel, sua lista de desejos.
Dois anos vão-se desde que o rapaz cheio de frémitos e o seu encontraram-se. 
E a pedra, foi um brinde de fim de tarde, com um escrito simples, demasiado verdadeiro para ser repetido.
Há coisas que só se dizem uma vez.


Dedicado ao Luís Alves da Costa